A área da fitoterapia chinesa é frequentemente mal compreendida no Ocidente devido á escassez de material bibliográfico que trate o assunto com a profundidade necessária, tendo esta uma estrutura complexa não é raro depararmo-nos com erros básicos devido a uma má interpretação das suas regras gerais.
Uma fórmula fitoterápica chinesa poderá englobar seis ou mais plantas e cada uma delas com objectivos bem definidos, que vai desde impedir efeitos colaterais indesejados a encaminhar os agentes principais ao local da doença. Fitoterapia literalmente quer dizer, terapia através das plantas, é conhecida na China há cerca de três mil anos, época em que os livros eram escritos em pergaminhos, casco de tartaruga e seda. Mas a informação contida nesses registos mais antigos não fazem referência ás plantas, mas registam os nomes de doenças, orações e outros métodos para as curar.
Em 1973 a descoberta de 14 livros médicos clássicos em Chang-She, província de Hunan, trouxe alguns dados sobre o início da medicina herbária chinesa. Estas fontes mencionam 52 doenças 283 prescrições e 247 de plantas incluindo: alcaçus, scutellaria, atractylodes, cnidium e muitas outras ainda utilizadas actualmente. Muitos outros livros médicos clássicos, foram escritos antes da época de Cristo mas parece que só Shan Hai Ching sobreviveu. Escrito em duas partes, Shan Ching data de cerca de 250 a.C. e Hai Ching de 120 a.C. Ambos descrevem 250 plantas e animais, dos quais apenas 68 são usadas como medicinais 47 de origem animal e 21 de origem vegetal incluindo a canela, angélica, gambir, platycodon, peônia, jujuba etc.
De acordo com a lenda, após experimentar várias plantas, Shen Nung, o fundador da Medicina Herbária chinesa, escreveu o livro “Shen Nung Pen Tsao Ching”. O livro sobrevive numa cópia feita por Tao Hung – Ching por volta de 500 anos d.C. e relaciona 365 ervas.
Duzentos anos depois, Su Ching compilou “Hsin Hsiu Pen Tsao”, baseado no original Shen Nung Pen Tsao. Contendo 850 substâncias medicinais em 27 volumes, este livro, popularmente conhecido como Tang Pen Tsao, representa a farmacopeia mais antiga oficial no mundo. Em 739 d.C., Chen Chang-Chi da Dinastia Tang suplementou posteriormente o texto, chamando-o de Pen Tsao Shih. Durante a Dinastia Sung, Liu Han por ordem do Imperador, reviu as obras Hsin Hsiu Pen Tsao e Pen Tsao Shih, resultando dessa revisão a publicação do livro Kai Pao Pen Tsao em 973 d.C. que relacionava 984 ervas. Em 1057 coube a vez a Chang Yu-Shi rever Kai Pão Pen Tsao intitulando o seu trabalho de Chia Yu Pu Chu Pen Tsao contendo 1084 variedades de ervas. No ano 1098 d.C. um novo livro contendo 1744 tipos de ervas e ilustrações botânicas foi escrito por Tang Shen-Wei com o título “Chin Shih Cheng Lei Chi Pen Tsao”. Durante a Dinastia Ching, 71 autores publicaram 460 volumes sobre esta matéria sendo os mais peculiares Pen Tsao Kang um Shihi do autor Xhao Hsueh-ming, que mostrou-se tanto complicado como tedioso, sendo preferido pelos médicos chineses na época um outro livro, Pen Tsao Pei Yao de Wang Ang.
O governo chinês publicou um dicionário de drogas herbais chinesas abrangendo 5767 tipos de substâncias medicinais, ainda que na realidade na prática clínica só são usadas regularmente cerca de 300 ervas. É curioso que muitas das fórmulas utilizadas ainda hoje são as mesmas da Dinastia Han com pequenas alterações. Estas fórmulas magistrais encontradas nos livros em diversos idiomas são utilizadas e estudadas em quase todos os países. No Japão, desde 1950 que o Ministro da Saúde Japonês reconhece 148 dessas fórmulas como de utilidade pública.

Nenhum comentário:
Postar um comentário